6. O Segundo Discurso sobre a Religião
(1730.5) 155:6.1 (E, assim,
enquanto estavam parados à sombra da encosta, Jesus continuou a ensinar-lhes a respeito da religião do espírito, dizendo essencialmente:
(1730.6) 155:6.2 Viestes de entre aqueles que escolheram
permanecer satisfeitos com uma religião da mente, aqueles que anseiam a segurança e preferem o conformismo. Mas escolhestes trocar a certeza imposta autoritariamente, pela segurança do espírito que vem da fé cheia de coragem e progresso. Tivestes a valentia de protestar contra a
prisão da religião institucionalizada e rejeitar a autoridade das tradições escritas, que agora estão a ser consideradas como a Palavra de Deus. De
facto, o nosso Pai falou por intermédio de Moisés, Elias, Isaías, Amós e Oséias, mas quando esses profetas antigos colocaram um ponto final nas suas
afirmações, o Pai não cessou de enviar palavras de verdade ao mundo. O Meu Pai não tem preferências por raças nem por gerações, por isso o Seu desejo não é que a palavra da Verdade transmitida a uma geração ou época seja negada a outra. Não cometam a loucura de chamar Divino ao que é completamente humano e não deixem de perceber as palavras da verdade, ainda que estas não surjam de fontes tradicionais de uma suposta
inspiração divina.
(1731.1) 155:6.3 Eu
convoquei-vos para nascer de novo, para nascer do espírito. Tirei-vos das trevas do autoritarismo, da estagnação da tradição, para a luz divina, para encontrarem a possibilidade de fazer a maior
descoberta que a alma humana pode realizar – a experiência sublime de encontrar Deus, para vós, dentro de vós e por vós próprios; e de fazer de tudo isso um acontecimento da vossa vivência pessoal. Assim podereis passar da morte para
a vida, do autoritarismo da tradição para a experiência de conhecer Deus; passareis das trevas para a Luz, de uma fé racial herdada para uma fé pessoal, conquistada pela prática da vida real. E é assim que ireis progredir de uma teologia da
mente, que vos foi transmitida pelos vossos antepassados, a uma religião do espírito, verdadeira, que será edificada nas vossas almas como um dom eterno.
(1731.1) 155:6.3 A vossa
religião deixará de ser uma simples crença intelectual na autoridade tradicional, para ser uma prática existencial de fé viva, capaz de captar a realidade de Deus e de
tudo o que está relacionado com o espírito divino do Pai. A religião da mente prende-vos irremediavelmente ao passado; a do espírito consiste na revelação progressiva e conduz-vos a realizações mais elevadas e mais santificadas, de ideias
espirituais e de realidades eternas.
(1731.3) 155:6.5 Ainda que a
religião da autoridade possa transmitir um sentimento de segurança estabelecida, tendes de pagar um preço por essa satisfação transitória: a perda da vossa liberdade espiritual e religiosa. O Meu
Pai não vos exige que aceitem uma crença em coisas que vos são espiritualmente desagradáveis, profanas e não verdadeiras, como um preço a pagar para entrar no Reino do Céu. Não vos exige que deixem que o vosso sentido de misericórdia, justiça e verdade seja ignorado pela submissão a um sistema de formas religiosas e de cerimoniais regulados no tempo. A
religião do espírito deixa-vos sempre livres para seguir a verdade até onde a vossa alma vos possa conduzir. E quem sabe
se talvez, esse espírito, tem alguma coisa para comunicar a esta geração, que as outras gerações não quiseram escutar?
(1731.4) 155:6.6 É uma vergonha que esses falsos instrutores
religiosos arrastem as almas ignorantes, de regresso ao passado distante e
escuro, e que as deixem lá! Essas pessoas desafortunadas estão condenadas a tornarem-se receosas, diante de qualquer nova descoberta e a desconfiar de qualquer revelação nova da verdade. O profeta que disse: “Aquele, cuja mente permanece com Deus, será mantido numa paz perfeita”, não era um simples crente intelectual da teologia autoritária. Esse ser humano, conhecedor da verdade, não estava apenas a falar de Deus; tinha descoberto
Deus.
(1731.5) 155:6.7 Aconselho-vos
a deixar de citar sempre os profetas do passado e de louvar os heróis de Israel; sugiro-vos que, em vez disso, aspirem a ser os profetas vivos do Altíssimo e os heróis espirituais do Reino que virá. É bom respeitar e honrar os líderes do passado, conhecedores de Deus, mas sem que, ao fazê-lo, tenham de sacrificar a experiência suprema da existência do ser humano: encontrar Deus por si próprios e conhecê-lo dentro das vossas almas.
(1732.1) 155:6.8 Cada raça da Humanidade tem a sua própria ideia mental da existência; portanto, a religião da mente deve ser sempre fiel a esses diversos pontos de vista raciais. As religiões autoritárias nunca podem chegar à unificação. A união humana e a fraternidade entre os mortais só podem ser alcançadas por meio da elevação superior dada pela religião do espírito. As mentes podem diferir segundo a raça, mas é o mesmo espírito divino e eterno que reside em toda a Humanidade. A esperança da fraternidade humana só pode ser realizada quando e à medida que as várias religiões mentais autoritárias se tornarem impregnadas e preenchidas pela religião que unifica e enobrece o espírito – a religião da experiência espiritual pessoal.
(1732.2) 155:6.9 As religiões autoritárias só podem dividir os Homens e reuni-los em bandos conscientes, uns contra os
outros: a religião do espírito, congregá-los-á, progressivamente, e levá-los-á a tornarem-se compreensivos e compassivos uns com os outros. As religiões autoritárias exigem que os seus seguidores tenham todos a mesma crença, mas o mesmo, é impossível de conseguir no estado actual do mundo. A religião do espírito requer somente unidade de experiência – um destino idêntico – permitindo a plena diversidade de crenças. Esta, apenas necessita a uniformidade de visão interior e não a igualdade de pontos de vista nem de concentração. Não exige que todos tenham o mesmo ponto de vista
intelectual, apenas necessita que haja unidade dos sentimentos espirituais. As religiões da autoridade fossilizam-se em credos sem vida.
A religião do espírito prospera na alegria e na liberdade dos feitos generosos e
na dádiva da misericórdia.
(1732.3) 155:6.10. Mas, atenção, que nenhum de vós olhe para os filhos de Abraão com desprezo, só porque caíram nesses maus tempos, sob o jugo das crenças tradicionais estéreis. Os nossos antepassados entregaram-se com persistência e apaixonadamente à procura de Deus e encontraram-No, como nenhuma
outra raça jamais o fez desde os tempos de Adão, que sabia muito a esse respeito, pois ele próprio era um Filho de Deus. O Meu Pai não deixou de observar a longa e incansável luta de Israel, desde os dias de Moisés, para encontrar e conhecer Deus. Durante muitas
gerações os judeus não cessaram de trabalhar, de suar, de sofrer, de penar e de suportar os sofrimentos e as tristezas de um povo incompreendido e desprezado.
Tudo para que pudessem chegar um pouco mais perto da descoberta da verdade
sobre Deus.
E, não obstante todos os fracassos e fraquezas de
Israel, os nossos pais, progressivamente, desde Moisés até aos tempos de Amós e Oséias, revelaram ao mundo uma imagem, cada vez mais clara e mais verdadeira, do Deus eterno. E foi assim que se preparou o caminho para a revelação ainda mais ampliada do Pai, da qual fostes chamados a partilhar.
(1732.4) 155:6.11 Nunca
esqueçam que só há uma aventura que pode ser mais satisfatória e emocionante do que tentar descobrir a vontade de Deus vivo e essa é a experiência suprema de tentar, honestamente, fazer a vontade divina. E recordem sempre que a vontade de Deus pode ser feita em qualquer ocupação terrena. Não existem vocações santas e vocações seculares. Todas as coisas são sagradas nas vidas dos que são orientados pelo espírito; isto é, pelos que estão subordinados à verdade, enobrecidos pelo amor, dominados pela misericórdia e controlados pela imparcialidade – a justiça. O espírito que o Meu Pai e Eu enviaremos ao mundo, não é apenas o Espírito da Verdade, é, também, o Espírito da Beleza Idealista.
(1732.5) 155:6.12. Devem deixar de procurar a palavra de Deus apenas nas páginas dos registos antigos das autoridades religiosas. Os que nasceram do espírito de Deus, irão discernir a Sua palavra, independentemente de onde pareça ser a sua origem. Não devem subestimar a verdade divina pelo facto da sua apresentação ser feita através de uma aparente forma humana. Muitos dos vossos irmãos aceitam a teoria de Deus nas suas mentes,
enquanto que, espiritualmente, deixam de compreender a Sua presença. E é exactamente essa, a razão pela qual Eu vos tenho ensinado tão frequentemente, que o Reino do Céu pode ser melhor compreendido, se vocês assumirem a atitude espiritual sincera
de uma criança.
O que vos estou a recomendar não é a imaturidade mental da criança. Mas sim, a simplicidade espiritual desse
pequeno ser, a sua facilidade de acreditar e a sua confiança plena. Não é tão importante que considerem o facto da
existência de Deus; o fundamental é que cresçam na capacidade de sentir a Sua Presença.
(1733.1) 155:6.13. Quando
principiarem a encontrar Deus na vossa alma, logo depois começarem a descobri-lo nas almas dos outros homens e, finalmente, em todas as criaturas e criações de um Universo poderoso. Mas que possibilidades tem o Pai de aparecer, como um Deus de lealdades supremas e de ideias divinas, nas almas de homens que, pouco ou nenhum tempo, dedicam à contemplação introspectiva de tais realidades eternas? Ainda que a mente não seja o centro da natureza espiritual, ela é ,de facto, o portal para essa mesma natureza.
(1733.2) 155:6.14. Contudo não cometam o erro de tentar provar aos outros
homens que encontrastes Deus; conscientemente não podeis criar uma prova válida para o fazer, se bem que existam duas demonstrações positivas e poderosas do facto de que sois
conhecedores de Deus e essas mesmas provas, são:
(1733.3) 155:6.15 1. Os
frutos do espírito de Deus, que se mostram na rotina diária da vossa vida.
(1733.4) 155:6.16 2. O facto
de todo o plano da vossa vida fornecer uma prova positiva de que tendes arriscado
tudo o que sois e que possuís, sem reservas, na aventura da sobrevivência após a morte e na busca da esperança de encontrar o Deus da eternidade, cuja presença provastes antecipadamente no tempo.
(1733.5) 155:6.17. Mas não se equivoquem. O Meu Pai sempre responderá a qualquer chama de fé, por mais débil que seja. Ele toma nota das emoções físicas e supersticiosas do homem primitivo. E com essas almas honestas, mas
receosas, cuja fé é tão fraca que não é senão um pouco mais forte do que a conformidade intelectual de uma alma de
atitude passiva e de consentimento às religiões autoritárias, o Pai está sempre alerta para respeitar e estimular todas essas tentativas débeis de alcançá-Lo. Mas de vós, que fostes chamados da escuridão para a Luz, espera-se que acreditem de todo o coração; a vossa fé irá dominar as atitudes combinadas do corpo, da mente e do espírito.
(1733.6) 155:6.18. Vós sois os meus apóstolos e para vós, a religião não se transformará num refúgio religioso, para o qual podeis fugir com medo de enfrentar as duras
realidades do progresso espiritual e da aventura idealista; pelo contrário, a vossa religião irá transformar-se mais numa experiência real a testemunhar que Deus vos encontrou, vos idealizou, vos
enobreceu e vos espiritualizou e que já vos alistastes na aventura eterna de encontrar esse mesmo Deus que já vos encontrou e vos revelou que sois Seus filhos.
(1733.7) 155:6.19. E quando Jesus terminou de
falar, fez um sinal a André e apontando para o Oeste, para a Fenícia disse: “Sigamos o nosso caminho, pois”.
AS PARTES DO LIVRO
PARTE IV – A VIDA E OS
ENSINAMENTOS DE JESUS
DOC. 155 – A ESCAPADA PELO NORTE
DA GALILÉIA
PÁGINA 1620
Interpretação: Lúcia
(anjodeluz57@gmail.com)
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